Um estudo do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) revela que, em 2024, o Brasil alcançou os melhores indicadores de renda, pobreza e desigualdade de toda a série histórica de pesquisas domiciliares, que se iniciou em 1995. Após um ciclo de crises entre 2014 e 2021, o país inverteu a tendência, atingindo os menores níveis de desigualdade e pobreza registrados em três décadas, demonstrando que é possível reverter quadros sociais desfavoráveis.
Essa melhora acelerada, observada principalmente entre 2021 e 2024, foi resultado da ação combinada de dois fatores essenciais, que tiveram impacto semelhante. De um lado, houve o aquecimento do mercado de trabalho, com a geração de empregos e o aumento da renda média das famílias. De outro, a expansão das políticas de assistência social do governo (como o Bolsa Família e outros auxílios) se tornou mais eficaz, respondendo por quase metade da expressiva queda na desigualdade e na extrema pobreza.
Em uma perspectiva de longo prazo (30 anos), os números mostram o tamanho da transformação: a renda média das famílias cresceu cerca de 70% e a diferença entre os mais ricos e os mais pobres diminuiu. O ponto mais notável é a redução da miséria: a taxa de extrema pobreza, que no passado atingiu 25% da população, hoje se encontra abaixo de 5%, um avanço significativo que marca uma mudança estrutural importante.
Apesar dos resultados históricos, o estudo ressalta que o desafio persiste, com milhões de brasileiros ainda vivendo abaixo da linha da pobreza. Além disso, o Ipea alerta que o ritmo de avanço deve diminuir, pois o ciclo de forte expansão dos programas de ajuda social terminou. Com isso, a continuidade na redução da pobreza dependerá ainda mais da capacidade do mercado de trabalho de manter um crescimento robusto e de oferecer melhores salários nos próximos anos.








