O Brasil e os Estados Unidos devem realizar uma nova rodada de negociações em novembro, dando continuidade ao processo de reaproximação diplomática entre os dois países após meses de tensão. O anúncio foi feito pelo ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, após reunião com o secretário de Estado americano, Marco Rubio, na Casa Branca, em Washington, na última quinta-feira (16).
Segundo o chanceler, o encontro — que durou cerca de uma hora — ocorreu em um clima de “excelente descontração e troca de ideias”, com foco nas tarifas de 50% aplicadas pelos EUA a produtos brasileiros desde agosto. Vieira afirmou que as equipes técnicas começarão em breve as negociações para tentar reverter as medidas e estabelecer uma nova agenda bilateral de comércio e cooperação.
“Foi uma reunião muito produtiva, com disposição de ambas as partes para trabalhar em conjunto”, destacou o ministro.
A reunião teve duas etapas: uma conversa privada entre Vieira e Rubio e, em seguida, um encontro ampliado com diplomatas e representantes comerciais. De acordo com o Itamaraty, os dois ministros devem manter contato direto nas próximas semanas para definir os detalhes da próxima reunião, prevista para ocorrer até o fim de novembro.
O chanceler também confirmou que os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump devem se encontrar nos próximos meses, embora a data e o local ainda não estejam definidos. Segundo Vieira, há “interesse mútuo” em promover o encontro o quanto antes.
As relações entre os países ficaram estremecidas após a decisão da Casa Branca de impor tarifas e sanções a autoridades brasileiras, o que foi interpretado como resposta à “politização do Judiciário” e à condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro.
O encontro entre Vieira e Rubio marca o primeiro diálogo de alto nível desde que Trump voltou à Presidência americana, em janeiro. O Itamaraty avalia que a reunião foi um passo importante na reconstrução da confiança mútua.
Nos bastidores, o governo brasileiro também sinalizou abertura para discutir etanol, minerais críticos e regulação de big techs, temas de interesse estratégico para Washington e que podem facilitar avanços nas negociações comerciais.