A ONU solicitou ao Brasil que subsidiasse parte das hospedagens das delegações internacionais durante a COP30, que acontecerá em Belém, em novembro.
O governo brasileiro, porém, recusou o pedido, alegando já arcar com custos significativos do evento, e defendeu que o órgão multilateral amplie o apoio financeiro às nações mais pobres para enfrentar a crise de acomodações na capital paraense.
As discussões se intensificaram nos últimos dias e, nesta sexta-feira (22), foram debatidas em reunião da UNFCCC, braço climático da ONU. Segundo o governo brasileiro, 47 países já confirmaram reservas para suas delegações, mas a ONU aponta apenas 18 confirmações.
Após o encontro, a secretária-executiva da Casa Civil, Miriam Belchior, revelou que a ONU enviou carta pedindo explicitamente que o Brasil custeasse hospedagens, sobretudo de países menos desenvolvidos e insulares. Ela reforçou a negativa:
“O governo brasileiro já está arcando com custos significativos para a realização da COP. Não há como subsidiar delegações, inclusive de países mais ricos que o Brasil. Não cabe aos brasileiros pagar por isso.”
O Brasil, no entanto, apoiou a reivindicação de países africanos e insulares para que a ONU equipare o auxílio financeiro em Belém ao valor praticado em outras cidades brasileiras. Hoje, a diária paga é de cerca de US$ 250 no Rio e em São Paulo, mas fica abaixo de US$ 150 em Belém.
O secretário-extraordinário da COP30, Valter Correia, disse que a ONU alega entraves burocráticos para revisar esse valor, mas que o governo brasileiro pediu reconsideração. Já a secretária Miriam Belchior destacou a necessidade de buscar “outras fontes” para ajudar países mais vulneráveis.
Até agora, das 47 reservas confirmadas, 39 foram feitas pela plataforma oficial. Mas a maioria dos países mais pobres ainda não conseguiu garantir hospedagem, enquanto nações como Egito, Espanha, Portugal, Japão e Noruega já asseguraram acomodações por outros meios.
A falta de vagas em hotéis de Belém extrapolou a logística e entrou até nas negociações diplomáticas. Dezenas de países chegaram a pressionar, em carta ao governo Lula e à UNFCCC, para que o evento fosse parcialmente transferido da capital paraense — hipótese descartada pela organização.
A aposta é diversificar alternativas, incluindo navios cruzeiro, aluguel por plataformas como Airbnb, novos investimentos em hotéis e uma central oficial de hospedagem. Ainda assim, a rede hoteleira de Belém tem resistido a fornecer dados sobre os preços para o período da COP.