A COP30 apresentou, nesta sexta-feira (21), um novo rascunho do pacote de decisões da conferência que exclui qualquer menção a um mapa do caminho para o fim dos combustíveis fósseis. O trecho que citava um roteiro para eliminar o desmatamento também foi retirado.
Quase 30 países entregaram uma carta à presidência brasileira da conferência em que rejeitam o novo texto e pedem o avanço da proposta.
“Não podemos apoiar um resultado que não inclua um roteiro para implementar uma transição justa, ordenada e equitativa para longe dos combustíveis fósseis. Esta expectativa é compartilhada por uma vasta maioria das Partes, bem como pela ciência e pelas pessoas que acompanham de perto o nosso trabalho”, afirma a mensagem, segundo o portal Carbon Brief.
De acordo com o jornal The Guardian, a carta é assinada por países europeus, como Áustria, Bélgica, Finlândia, França, Alemanha, Holanda e Espanha, além de latino-americanos, como Chile, Colômbia, Costa Rica e México. Pequenos países insulares, como Palau e Vanuatu, que podem desaparecer com o aumento do nível do mar, integram a lista.
O comissário para clima da União Europeia, Wopke Hoekstra, criticou a nova versão. “Isto não está nem perto da ambição que precisamos em mitigação. Estamos decepcionados com o texto atualmente em discussão”, declarou.
Andreas Sieber, diretor associado de políticas da ONG 350.org afirmou que “os rascunhos das decisões da COP30 desta manhã ficam muito aquém do salto gigantesco necessário para fechar a lacuna de ambição climática”.
Para Bronwen Tucker, líder de finanças públicas da organização Oil Change International, o novo texto é ultrajante.
“A Presidência apresentou um texto vergonhosamente fraco que não menciona combustíveis fósseis, não estabelece responsabilidade em relação às obrigações financeiras dos países ricos e faz apenas promessas vagas sobre adaptação”, afirmou, em nota.
“Um grande grupo de países tem sido vocal em seu apoio a um roteiro para a transição para longe dos combustíveis fósseis, mas as partes ricas ainda se recusam a fornecer o financiamento público sem dívidas em termos justos, que é fundamental para que isso aconteça.”
Como a Folha de S.Paulo mostrou, um primeiro rascunho da chamada “decisão de mutirão” apresentava três propostas. Uma das opções era genérica e mencionava soluções de baixo carbono (com pouca ou nenhuma dependência de combustíveis fósseis). A segunda alternativa de era “no text” (sem texto), o que já indicava que havia países contrários a esse tópico.
Na terceira possibilidade, o documento fala em “criar uma mesa ministerial de alto nível […] para ajudar países a desenvolver mapas do caminho justos, ordenados e equitativos”.
Agora, o texto não cita os combustíveis fósseis em nenhum momento. A proposta enfrenta resistências dos países dependentes de petróleo.
“Expressamos profunda preocupação com a atual proposta em consideração para um ‘pegar ou largar'”, diz a carta dos países. “Um texto fraco seria lembrado como uma oportunidade perdida e lamentável, e prejudicaria a credibilidade do processo, da Presidência e do próprio regime.”
Ao todo, foram publicados 15 rascunhos nesta sexta, o último dia oficial da conferência, que pode se estender caso os países não cheguem a um consenso. (Folhapress)








