O mundo acompanha com preocupação a escalada do conflito entre Israel e Irã, que atingiu um novo patamar desde os bombardeios israelenses a instalações nucleares e militares iranianas na última sexta-feira (13/6). A ofensiva, motivada por acusações de que Teerã estaria avançando em seu programa nuclear com fins militares, aumentou o temor de uma guerra regional com potencial de envolver armas nucleares.
O que causou o ataque de Israel ao Irã?
O estopim recente foi uma resolução da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), aprovada no dia 12 de junho, que acusa o Irã de não cumprir obrigações de transparência sobre seu programa nuclear. Segundo a AIEA, Teerã tem mais de 400 quilos de urânio enriquecido a níveis próximos ao necessário para a fabricação de armas atômicas.
Israel, que há anos considera o programa nuclear iraniano uma ameaça existencial, agiu de forma preventiva, atacando alvos estratégicos no território persa. Entre os alvos, segundo agências internacionais, estão fábricas de armamentos, centros de pesquisa e cientistas ligados ao setor nuclear.
Como o Irã respondeu?
Em resposta, o Irã prometeu uma retaliação “severa e imediata”. O governo iraniano nega qualquer intenção de fabricar bombas atômicas e afirma que seu programa nuclear tem fins exclusivamente pacíficos, como a produção de energia e a medicina nuclear.
Autoridades de Teerã também acusam a AIEA de agir sob influência política de potências ocidentais e de Israel. Além disso, o Irã ressaltou que é signatário do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP), enquanto Israel nunca aderiu ao acordo e mantém sua capacidade nuclear sob sigilo.
Conflito histórico: disputa por poder no Oriente Médio
Especialistas em geopolítica apontam que o confronto entre Israel e Irã vai além da questão nuclear. Trata-se de uma disputa prolongada por influência na região. Israel busca manter sua supremacia militar, enquanto o Irã lidera o chamado “Eixo da Resistência”, que inclui grupos como Hezbollah, Hamas e milícias no Iraque e Iêmen.
Segundo Ronaldo Carmona, professor da Escola Superior de Guerra, o governo israelense, liderado por Benjamin Netanyahu, aproveita um momento de fragilidade interna para executar uma estratégia de enfraquecimento de inimigos regionais.
Risco de escalada global
Analistas alertam para o risco de que a atual crise desencadeie um conflito de maiores proporções, com envolvimento de outras potências e desestabilização de países vizinhos. O uso de armas de destruição em massa, embora ainda remoto, passou a ser uma preocupação real.
Enquanto a comunidade internacional pede moderação e diálogo, o Oriente Médio vive um dos momentos mais tensos das últimas décadas.