A morte do pequeno Ravi de Souza Figueiredo, de apenas 2 anos, está sendo investigada pela Polícia Civil de Goiás como possível caso de homicídio culposo por imperícia médica. O menino faleceu após passar por um procedimento para retirada de um grão de milho preso na narina, em Goiatuba, região sul do estado. A família afirma que a técnica utilizada no atendimento causou ferimentos graves no pulmão e no estômago da criança, o que teria levado à sua morte.
Segundo relato dos pais, Ravi colocou um caroço de milho de pipoca no nariz enquanto brincava e mostrou aos responsáveis. Sem conseguir retirar o grão em casa, eles levaram o menino ao Hospital Municipal de Goiatuba. Na unidade, os primeiros profissionais tentaram a retirada com uma pinça, sem sucesso. Em seguida, um dos membros da equipe teria utilizado uma “cânula de borracha” para introduzir ar na narina da criança. O procedimento foi realizado duas vezes, mas não conseguiu expulsar o milho. Logo após, Ravi vomitou e apresentou inchaço abdominal.
“O Ravi estava bem, respirando normalmente e até conversando. Ele era uma criança saudável, corria para todo lado. Eu quero justiça. É muita dor”, desabafou o pai, Josenilson da Silva Figueiredo.
A família relata que, mesmo após o episódio, a equipe médica considerou o inchaço “normal” e administrou um remédio para gases antes de dar alta. Porém, em casa, o quadro de Ravi piorou: ele apresentou fraqueza, dificuldade para falar e agitação. Os pais o levaram de volta ao hospital, onde foi medicado e passou por exames. O pediatra recomendou a transferência para Goiânia, mas o menino não resistiu e faleceu durante uma parada no Hospital Municipal de Hidrolândia.
“Vi a hora que a enfermeira baixou a cabeça. Ela falou: ‘Infelizmente, seu filho veio a óbito’. Aí eu já entrei em desespero”, relatou a mãe, Priscila Marta de Souza, emocionada à TV Anhanguera.
De acordo com o laudo da Polícia Científica, Ravi morreu de insuficiência respiratória aguda causada por rompimento do pulmão e do estômago. O delegado Sérgio Henrique Alves afirmou que o procedimento adotado para retirar o milho “não é usual e não é recomendado”, destacando que o uso da cânula com ar comprimido pode ter provocado danos fatais aos órgãos da criança.
O advogado da família defende que os profissionais envolvidos respondam por homicídio doloso indireto, quando se assume o risco de provocar o resultado.
Em nota, o Hospital Municipal de Goiatuba afirmou que está colaborando com as investigações e reforçou seu compromisso com a transparência e responsabilidade no atendimento. A Prefeitura de Hidrolândia, onde Ravi teve o último atendimento, não se manifestou até a última atualização desta reportagem.
O caso segue sob investigação e causa grande comoção na comunidade local. Enquanto isso, a família de Ravi clama por justiça para que outros casos como esse não voltem a acontecer.
