A nova tarifa de 50% anunciada pelos Estados Unidos, que entra em vigor em 6 de agosto, excluiu cerca de 700 produtos brasileiros, beneficiando áreas como aviação, energia e parte do agronegócio. No entanto, setores como carne bovina, café e tilápia ficaram de fora da lista de exceções e devem enfrentar sérios impactos econômicos.
No Ceará, o secretário do Desenvolvimento Econômico, Silvio Carlos, afirma que os produtos cearenses foram praticamente ignorados. Apenas subprodutos de suco de laranja e a castanha-do-pará escaparam. Ele também alerta sobre a insegurança jurídica causada pela falta de clareza na lista americana, que não corresponde às classificações oficiais da NCM (Nomenclatura Comum do Mercosul).
Como resposta, o Ceará tem buscado ampliar exportações para a Europa e Ásia, mesmo enfrentando gargalos logísticos. Também estão sendo promovidas ações de estímulo ao consumo interno, especialmente de frutas e pescados. O BNDES já anunciou apoio financeiro a empresas afetadas.
Segundo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, embora o cenário tenha sido “menos grave que o esperado”, ainda há setores em situação dramática. O governo prepara medidas emergenciais como linhas de crédito, suspensão de tributos e estímulo à manutenção de empregos. Haddad também sinalizou que o Brasil vai recorrer da decisão nos EUA e em organismos internacionais.
Entre os mais atingidos, o setor da carne bovina já pagava tarifa de 26,4% e agora enfrenta ainda mais dificuldades. A ABIEC alerta para o risco de inviabilidade das exportações, que somaram 229 mil toneladas em 2024, com previsão de 400 mil para 2025. A sobretaxa também pode provocar queda inicial nos preços internos, seguida de alta pela redução na oferta.
O economista Wandemberg Almeida defende a diversificação de mercados e a redução de impostos sobre exportações e insumos como forma de manter a competitividade. Ele também alerta para possíveis efeitos financeiros, como desvalorização do real, queda nas ações de exportadoras e fuga de capitais.
A Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham) estima que 43% das vendas brasileiras aos EUA em 2024 ficaram livres da nova tarifa, ou seja, mais da metade pode ser afetada diretamente pelo tarifaço.