Durante o mês de conscientização sobre saúde bucal infantil, o movimento Julho Laranja ganha força para alertar pais e responsáveis sobre a importância da prevenção ortodôntica na infância. Segundo especialistas, muitos problemas bucais graves em adultos poderiam ser evitados com diagnóstico e intervenção precoce durante a infância.
Dados recentes mostram que problemas como má oclusão (dentes tortos), respiração bucal e bruxismo infantil têm se tornado cada vez mais comuns, afetando não apenas a estética do sorriso, mas também o desenvolvimento facial, a qualidade do sono e até mesmo o rendimento escolar das crianças.
“Muitos pais acreditam que só devem procurar um ortodontista quando os dentes permanentes já estão todos nascidos, mas isso é um equívoco que pode custar caro no futuro. A avaliação ortodôntica deve acontecer idealmente aos 6 anos, quando a criança ainda tem dentes de leite. A campanha busca desmistificar a ortodontia infantil e mostrar que o tratamento precoce é, na maioria das vezes, mais simples, rápido e econômico do que intervenções tardias”, explica a odontóloga Nayara Castro, que é professora e especialista em implantes.
É por volta dos seis anos de idade que nascem os dentes molares, que, por seu formato e localização, são mais difíceis para as crianças higienizarem. Não por acaso, são os primeiros a sofrerem com as cáries e também os primeiros dentes a serem perdidos na vida adulta, quando há algum problema. Isso mostra como a avaliação precoce e as orientações do profissional podem impactar a saúde bucal de uma vida inteira.
Prevenir é sempre o melhor caminho
A ortodontia preventiva atua em uma janela de oportunidade única durante o crescimento infantil, quando ainda é possível guiar o desenvolvimento dos ossos da face e corrigir hábitos prejudiciais. “É impressionante como problemas que parecem simples na infância podem se transformar em casos complexos na adolescência ou vida adulta. Uma criança que respira pela boca aos 6 anos pode desenvolver problemas de crescimento facial que, mais tarde, só se resolverão com cirurgia”, alerta Nayara.
Sinais de alerta que os pais devem observar
• Respiração constante pela boca, especialmente durante o sono;
• Roncos ou sono agitado;
• Hábitos como chupar dedo ou chupeta após os 3 anos;
• Dentes apinhados ou com espaçamentos excessivos;
• Dificuldade para mastigar ou engolir;
• Dores de cabeça frequentes.
“Estes sinais não devem ser ignorados. São o corpo da criança pedindo ajuda e indicando que algo não está se desenvolvendo adequadamente. E os problemas podem ir além das disfunções nos dentes, já que estudos mostram que problemas ortodônticos não tratados podem afetar o desenvolvimento cognitivo, já que impactam a oxigenação cerebral; a autoestima, visto que a estética dental pode causar episódios de bullying e a saúde geral, porque a má oclusão pode causar problemas digestivos e dores articulares”, ressalta a odontóloga.
Tratamento humanizado, lúdico e um investimento para a vida toda
A abordagem moderna da ortodontia infantil prioriza técnicas menos invasivas e mais atrativas para as crianças. Um simples diagnóstico pode fazer toda a diferença. É um investimento pequeno com retorno gigantesco para toda a vida. “Quando tratamos uma criança precocemente, não estamos apenas cuidando dos dentes. Estamos investindo na saúde integral, na autoestima e no futuro dessa pessoa, por isso hoje temos aparelhos coloridos, tratamentos que parecem brincadeira e consultórios preparados para receber os pequenos pacientes. O medo do dentista é algo que deve ficar no passado”, finaliza Nayara.
