O ex-diretor de humor da TV Globo, Marcius Melhem, e o jornalista Ricardo Feltrin se tornaram réus por violência psicológica e perseguição contra quatro mulheres que o acusaram de assédio sexual. A decisão foi tomada pela juíza Juliana Benevides, após o processo ser transferido da Justiça de São Paulo para o Rio de Janeiro. O caso, que corre sob sigilo, envolve comentários públicos considerados constrangedores e desqualificadores contra vítimas e testemunhas, o que teria gerado uma onda de ataques virtuais contra as mulheres.
A denúncia é um desdobramento das acusações feitas em 2020 por Dani Calabresa e outras mulheres que trabalharam com Melhem na emissora. Embora o caso de Calabresa tenha prescrito, outras acusações seguem ativas, com audiência marcada para a primeira semana de agosto. A denúncia aponta que Melhem e Feltrin, por meio de publicações e declarações, teriam ultrapassado os limites do direito à defesa, impactando psicologicamente as denunciantes.
Em nota, a defesa de Melhem afirma que os fatos da nova ação são os mesmos que já foram analisados e arquivados anteriormente, e que confia na absolvição do humorista. Já Feltrin reagiu duramente: “A acusação de ‘violência psicológica’ contra um jornalista sempre configurou tentativa de censura. A decisão monocrática de prosseguir com o processo não me espanta nos tempos atuais”, declarou.
Vale lembrar que outro processo semelhante, aberto no Rio de Janeiro por quatro mulheres, foi arquivado. Na ocasião, a promotora Fabíola Lovis concluiu que os vídeos publicados por Melhem — mais de 130 — tinham caráter defensivo, e um laudo técnico apontou contradições nos depoimentos das vítimas. O arquivamento foi mantido pela Justiça, sem possibilidade de novo recurso.
Agora, com o andamento da nova ação, Melhem e Feltrin terão dez dias para apresentar defesa por escrito. A Justiça ainda não entrou no mérito da acusação, limitando-se, até o momento, a aceitar o prosseguimento do caso.
