A Polícia Civil concluiu o inquérito sobre a morte de Nátaly Rodrigues do Nascimento, 17 anos, que recebeu uma descarga elétrica ao passar por uma rua alagada durante uma tempestade no Centro de Goiânia. Três funcionários da Equatorial Goiás foram indiciados por homicídio culposo e lesão corporal culposa.
De acordo com a investigação, houve falha na central de operações da concessionária. O operador responsável religou remotamente a energia do circuito, mesmo com registros prévios de anomalia na região e sem o envio de uma equipe para verificar a situação no local. O religamento ocorreu três minutos antes do acidente que vitimou a adolescente e feriu outro jovem.
O delegado Fernando Martins explicou que dois dos três cabos de energia da via se romperam com o vento e ficaram submersos na enxurrada por quase meia hora. Sem o separador de fases, equipamento que evita contato entre cabos, ocorreu um curto-circuito. Mesmo com o rompimento, o religador automático do sistema apresentou oscilações e permitiu que a energia fosse restabelecida no trecho, energizando o único cabo que permaneceu intacto.
As provas analisadas — depoimentos, vídeos, telemetria e documentos internos da empresa — permitiram reconstruir a dinâmica do acidente. Para o delegado, a conduta da central de operações representou negligência e omissão, já que havia indícios suficientes de risco e, ainda assim, a energia foi restabelecida remotamente.
Foram indiciados o operador responsável pelo turno, seu supervisor direto e o gerente de operações. A Equatorial Goiás, no entanto, não foi responsabilizada como pessoa jurídica, pois o processo penal prevê indiciamento apenas de pessoas físicas.
Em nota, a empresa afirmou que ainda não teve acesso a relatório conclusivo do inquérito e que colabora com as investigações.
O caso reacendeu o debate sobre segurança da rede elétrica em períodos de tempestade e os protocolos adotados pelas concessionárias em situações de emergência.







