segunda-feira , 01 de setembro de 2025 @ 02:22

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maria da penha nas escolas

Projeto Maria da Penha nas Escolas encerra Agosto Lilás em Goiânia

Goiânia foi palco do encerramento das atividades do Agosto Lilás com uma ação simbólica do projeto Maria da Penha nas Escolas, nesta última sexta-feira (29). A atividade, realizada pela Skambau Produções, atua em parceria com o projeto Raízes do Saber e do Tribunal de Justiça de Goiás (TJGO), responsável pela impressão dos exemplares que são distribuídos gratuitamente.

A professora Jane da Costa Martins Rocha, esteve presente na última palestra e destacou a diferença que sentiu após a passagem da ação pela escola. “Os alunos ficaram muito mais inteirados do assunto e a palestra foi extremamente importante”.

A iniciativa reforça o compromisso conjunto de educar, prevenir e conscientizar sobre a violência de gênero, mobilizando estudantes, famílias e a sociedade em torno da urgência de transformar essa realidade.

Com mais de 40 mil exemplares distribuídos gratuitamente em Goiás, Distrito Federal, Bahia, São Paulo e outros estados, o projeto vem consolidando-se como uma referência nacional em educação para a igualdade de gênero. Por meio de quadrinhos didáticos e atividades pedagógicas, a iniciativa aproxima a Lei Maria da Penha do cotidiano escolar e universitário, incentivando novas gerações a reconhecer e enfrentar todas as formas de violência contra meninas e mulheres.

O simbolismo do encerramento marca o fim do mês de mobilização nacional pelo enfrentamento à violência contra a mulher, o Agosto Lilás, e reafirma que a educação é um caminho essencial para quebrar ciclos de opressão.

Contexto alarmante

Segundo o Atlas da Violência (2025), os homicídios contra mulheres cresceram 2,5% entre 2022 e 2023, chegando a uma média nacional de 3,5 homicídios por 100 mil mulheres. Os registros de violência doméstica também aumentaram: foram 177.086 atendimentos em 2023, alta de 22,7% em relação ao ano anterior, segundo dados do Ministério da Saúde.

A pesquisa aponta que uma a cada quatro vítimas tinha até 14 anos. Esses números evidenciam a urgência de iniciativas que unam sociedade civil, instituições públicas e comunidade escolar na prevenção da violência.

Para Manoela Barbosa, historiadora, doutora em Ciências Ambientais e fundadora da Skambau e do projeto Maria da Penha nas Escolas, o impacto está no poder transformador da educação: “Nosso compromisso é conscientizar desde cedo. Queremos que meninas conheçam seus direitos e que meninos aprendam que violência não se tolera. É pela educação que podemos quebrar ciclos e mudar realidades.”

Segundo ela, inúmeras crianças e adolescentes já relataram casos de violência após participarem das atividades, o que reforça o papel do projeto como porta de entrada para redes de acolhimento e proteção.

Para Valéria Pelá, advogada e presidenta do Centro Popular da Mulher em Goiás, a iniciativa é fundamental na conscientização coletiva: “O enfrentamento à violência contra mulheres precisa ser coletivo.

Projetos como esse aproximam conhecimento e prevenção do cotidiano escolar, ajudando a formar uma sociedade mais justa e segura.”

A Coordenadoria da Mulher em situação de violência doméstica e familiar do Tribunal de Justiça de Goiás, parceira estratégica desta edição com as impressões dos livros em quadrinhos, destaca a relevância de apoiar projetos que unem cidadania e educação: “Para o TJ-GO, investir em educação é investir em justiça. A impressão dos exemplares do projeto Maria da Penha nas Escolas simboliza nosso compromisso com a prevenção da violência e com a formação de uma sociedade mais igualitária e livre de opressão”, afirma Lucelma Messias.

Sobre o projeto

O Maria da Penha nas Escolas nasceu em 2016, em Morrinhos (GO), a partir da demanda de professores e estudantes que buscavam materiais pedagógicos para abordar a violência doméstica. Desde então, cresceu e alcançou milhares de jovens com o livro em quadrinhos criado por Manoela Barbosa em parceria com a ilustradora Zaia Ângelo, com apoio e reconhecimento de Maria da Penha, vítima de feminicídio e que dá o nome popular à Lei 11.340 de 2006, e do Instituto Maria da Penha, criado por ela, em Fortaleza, Ceará, com trajetória há mais de 20 anos em defesa dos direitos das mulheres no Brasil e no mundo. De forma lúdica e pedagógica, a obra apresenta a trajetória de Maria da Penha e promove reflexões sobre igualdade de gênero, os diferentes tipos de violência e os direitos garantidos em lei.

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