“Meus amigos, estamos aqui no setor…” – Pula!
“Pessoal, hoje estamos vistoriando…” – Pula!
“Olá, estamos recebendo aqui no gabinete…” – Pula!
A importância do uso das redes sociais pelas prefeituras já não é mais novidade. É consenso. Mas se comunicar com eficiência – e, principalmente, com conexão real – ainda é um desafio para a maioria dos gestores públicos. E tem um erro que se repete. Falta o principal na comunicação dos prefeitos: o cidadão.
Depois de um dia cansativo, ninguém tem paciência para vídeo frio, protocolar. O cidadão – e aqui falo de todos nós – quer algo que emocione, represente ou, ao menos, provoque o riso. E um alerta sincero: não tente ser engraçado à força. Ou é natural, ou não é – e ninguém compra forçação.
Se nem os profissionais da área, a própria família do prefeito ou seus secretários têm paciência para o “vídeo de gabinete”, imagina o pai de família preocupado com as contas do mês ou a mãe que trabalha dobrado para dar conta da casa e dos filhos.
Os prefeitos estão esquecendo que comunicação não é sobre eles – é sobre quem os assiste. E deputados, vereadores, governadores… caem todos no mesmo erro.
A base de qualquer conteúdo eficaz é a identificação. O que gera engajamento não é o prefeito descerrando uma placa de inauguração da nova quadra de esportes. É o Matheus, menino de cinco anos, empolgado por ter um novo local onde pode correr atrás do sonho de ser jogador de futebol.
A entrega de uma casa se torna realmente relevante quando enxergamos a família que sonhou anos por aquele momento.
Histórias reais têm poder.
E não é por falta de recurso que essas histórias não aparecem. É por falta de olhar. Falta alguém na equipe que diga: “Vamos contar a história de quem foi impactado, e não só de quem realizou”. Ou, muitas vezes, falta ao prefeito a humildade de ouvir esse profissional e abrir mão da vaidade que o discurso frente à câmera atende.
Existem exceções. Claro. Há boas produções em Goiás e por todo Brasil. Alguns gestores entenderam o valor de um conteúdo bem pensado. Mas ainda são exceções. O que prevalece no feed é o vídeo prático, corrido, feito para “prestar contas”, mas que não presta atenção.
Vídeos assim não geram não mobilizam, não fortalecem imagem. Geram apenas visualizações por inércia – quando muito.
Como bem resume a comunicadora Heloiza Matos: “A comunicação pública deve se desvincular do Estado como aparelho de propaganda e se enraizar na verdadeira esfera pública. Deve empoderar o cidadão como agente comunicador”.
Então, prefeito, no fim das contas o recado é simples, e nem é meu, é de todos pesquisadores da Comunicação: deixe de falar para o cidadão e comece a falar com ele.
(Por Geo Mancini, publicitário, especialista em marketing político e eleitoral, CCO da agência Mancini)