Após anunciar tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, decidiu restringir os comentários em seu perfil oficial no Instagram. A medida foi tomada na noite desta quarta-feira (9), após uma enxurrada de críticas de brasileiros que reagiram à decisão com mensagens contundentes sobre a soberania nacional.
Quem tentou comentar nas postagens mais recentes do ex-presidente americano se deparou com o aviso: “os comentários nesta publicação foram limitados”. Nesta quinta-feira (10), mesmo com a aparente possibilidade de comentar, as tentativas resultavam em uma notificação informando que “não é possível realizar seu comentário”.
Nas mensagens direcionadas a Trump, muitos usuários reforçaram a independência brasileira. “O Brasil é soberano, Trump, deixa-nos em paz”, escreveu um internauta. Outra usuária postou: “Jamais aceitaremos interferência”.
Entenda o caso
A decisão de Trump de impor tarifas de 50% a partir de 1º de agosto foi formalizada em uma carta enviada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No documento, o líder americano justificou a medida afirmando que ela seria uma resposta a “ataques insidiosos do Brasil contra as eleições livres e os direitos fundamentais de liberdade de expressão dos americanos”.
Trump também pediu a retirada das acusações contra o ex-presidente Jair Bolsonaro relacionadas à tentativa de golpe de Estado. Além disso, anunciou a abertura de uma investigação sobre supostas restrições a empresas de tecnologia dos EUA no Brasil e práticas comerciais consideradas injustas, citando a Seção 301 da Lei de Comércio americana.
A escalada de tensões levou o governo brasileiro a reagir. Em nota, Brasília informou que pretende aplicar medidas de reciprocidade econômica com base em legislação aprovada pelo Congresso. O texto destaca que, nos últimos 15 anos, os EUA acumularam um superávit comercial de US$ 410 bilhões com o Brasil.
Relação Brasil-EUA em números
Os Estados Unidos são o segundo maior parceiro comercial do Brasil. Segundo a Câmara Americana de Comércio (Amcham), 70% das exportações brasileiras para os EUA se concentram em 51 produtos industriais — de aeronaves e máquinas a itens químicos.
Em 2024, o Brasil exportou cerca de US$ 40 bilhões para os EUA, enquanto importou pouco mais que isso. A corrente de comércio entre os países alcançou US$ 81 bilhões, um aumento de 8,2% em relação ao ano anterior, segundo levantamento da FGV.
