terça-feira , 17 de junho de 2025 @ 17:52

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Vassil Oliveira
Vassil Oliveira - Foto: Redes Sociais

Checar notícia pra quê? Obedeça Zuckerberg

Um dos princípios básicos do Jornalismo é conferir toda e qualquer informação. Checar, em linguagem moderna. A checagem é parte fundamental do processo, e muitas vezes o que mais atrasa a publicação de uma notícia, junto com o que vem antes – ou deveria vir: a apuração. O problema: hoje em dia, a pressa na publicação é inimiga da apuração e da checagem.

Sem apurar e sem checar, o que mais temos é site, perfil, influencer ou similares publicando e replicando notícias que, se não estão incompletas, são completamente mentirosas. O resultado disso tem nome bem conhecido: fake news. Como não há qualquer teoria resguardando a prática do Jornalismo, ficou fácil qualquer pessoa publicar o que quer – verdadeiro ou não – sem qualquer resguardo ético ou de produção, vamos lá, jornalística.

Qualquer um publicando qualquer coisa é caminho fácil para a saturação de fake news. Exatamente o que há. Junte-se a isso uma campanha bem tocada de descrédito das instituições, inclusive o Jornalismo, e chegamos à encruzilhada que vivemos: por um lado bom Jornalismo feito cada dia com mais dificuldade (o negócio a Comunicação vai mal e os profissionais ainda têm que lidar com outra mudança, tecnológica, digital, IA), por outro, jornalismo que não é Jornalismo, pagando a conta do que há de ruim, mas sem o crédito do que tem de bom, e é muita coisa.

Pois é exatamente a parte positiva do Jornalismo, com suas virtudes, que Mark Zuckerberg, do Facebook, que eliminar de suas plataformas. Ele vai acabar com a checagem das informações, que, como vimos, já não passam pela simples fase inicial de apuração, pra ver se a informação é informação ou algo que não merece uma manchete ou uma “materinha”, sequer. Zuckerberg está tirando do horizonte de Facebook, Instagram, WhatsApp e o que dominar, o bom do Jornalismo. E ponto.

Zuckerberg está matando de vez o Jornalismo? Claro que não. Estão tentando matar o Jornalismo desde que ele surgiu. Não conseguiram e não vão conseguir. Mas o cara está aí, posando de defensor da liberdade de expressão quando, na verdade, está jogando contra. Em vez de favorecer o diálogo e buscar a verdade – com todas as implicações que isso carrega -, ele está abrindo passagem para as mentiras. As fake news. Nenhuma novidade: o que mais temos hoje são defensores da liberdade e da moralidade pregando uma coisa e praticando outra.

Precisamos falar disso pra que fique claro que o motor dessas ações é prática econômica e política. Estamos falando das finanças de uma empresa que quer faturar mais, e nessa direção pouco importa se está mentindo ou falando a verdade. O dinheiro importa. Quanto à política, o raciocínio é objetivo: dominar as mentes significa dominar os votos, que significa dominar… o dinheiro. Os bancos, grandes conglomerados financeiros, os donos do poder que estão na ponta da pirâmide, todos eles agradecem.

E agradecem quem? Quem está no meio (a classe média) é quem está na base da pirâmide gerando riquezas pra eles defendendo o que eles ditam: não a liberdade como valor humano, mas a liberdade como valor monetário no bolso deles. Não é preciso desenhar. Basta raciocinar. Apurar. Checar. Mas isso, principalmente agora, é exatamente o que não querem que você faça. Então obedeça Zuckerberg. E Trump, claro.

(Por Vassil Oliveira – Jornalista e Escritor)

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