sábado , 19 de julho de 2025 @ 03:06

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Foto: Divulgação

Datafolha: 52% dos brasileiros acham que Bolsonaro deveria ser preso por tentativa de golpe

Ao menos 52% dos brasileiros dizem acreditar que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), réu na ação penal sobre trama golpista, deveria ira para a cadeia, segundo pesquisa Datafolha divulgada pela Folha de S. Paulo. Outros 42% dizem que ele não deve ser preso, enquanto 7% não souberam responder.

Para a sondagem, foram realizadas entrevistas com 3.054 pessoas acima dos 16 anos. As consultas foram feitas em 172 cidades brasileiras entre os dias 1º a 3 de abril. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou menos.

Na mesma pesquisa, um índice de 52% dos entrevistados pontua que ex-chefe do Executivo não vai acabar preso. Outros 41% dizem acreditar que a prisão será o desfecho do caso, enquanto outros 7% não avaliaram.

A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) se manifestou, dia 26 de março, para receber a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) e tornar réus Bolsonaro e outros sete acusados de integrarem o núcleo central da trama golpista de 2022.

O julgamento ocorreu de maneira unanime entre os membros da Corte. Votaram a favor os ministros Alexandre de Moraes, Flávio Dino e Luiz Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin.

A decisão do Supremo abre caminho para julgar o mérito da denúncia contra o ex-presidente até o fim do ano, em esforço para agilizar o julgamento e evitar que o caso seja contaminado pelas eleições presidenciais de 2026.

Eles são acusados pelos crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça contra o patrimônio público e deterioração do patrimônio tombado. Somadas, as penas máximas chegam a 43 anos de prisão.

Bolsonaro afirma que é inocente, embora tenha alterado sua versão inicial de que nada tinha a ver com os fatos para uma leitura de que apenas analisou cenários constitucionais para questionamento do processo eleitoral, sem levá-los em frente.

Desde então, o ex-presidente tem promovido campanhas com apoiadores que dizem ser a favor da anistia para os condenados pelo Supremo pelos atos do 8 de janeiro de 2023.

Conforme a pesquisa Datafolha divulgada pela Folha de S.Paulo,  a visão sobre a necessidade de prender Bolsonaro se divide, nos diversos estratos socioeconômicos da pesquisa, de forma semelhante às faixas de apoio e rejeição ao ex-presidente no eleitorado.

Assim, na sua base no Norte/Centro-Oeste, há um empate técnico: 47% acham que ele deveria ser preso, ante 45% que dizem o contrário. Já no Sul, o empate já vem como sinal trocado, com 49% dizendo que Bolsonaro tem de ficar livre e 46% que o querem preso.

Assim como na hora de votar, a religião está ligada ao perfil da resposta. Se entre os majoritários católicos 55% são a favor da prisão e 39%, contra, a avaliação se inverte entre os evangélicos associados ao bolsonarismo, com 54% contrários ante 38% favoráveis.

Com Bolsonaro inelegível até 2030, algo já definido pela Justiça Eleitoral, o nome do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) é um dos mais fortes para substituí-lo na disputa pela Presidência.

Nessa pesquisa, o Datafolha testou cenários com ele nas urnas, e o cruzamento com a questão sobre a prisão do seu padrinho dá uma dica sobre o apoio que Tarcísio vem dando ao ex-presidente —esteve com ele nos atos em favor da anistia, o mais recente no domingo (6).

Para 79% dos que dizem votar em Tarcísio para presidente, Bolsonaro não deve ir para a cadeia. Entre eles, a fé em que isso não irá acontecer é maior que a média, 62%. O governador tem buscado equilibrar-se como um moderado, evitando ataques às instituições, mas não quer ser visto como um traidor do ex-chefe, a quem serviu como ministro.

De forma geral, em relação ao que deveria acontecer, há homogeneidade de opinião. Uma exceção é o Nordeste, tradicionalmente um reduto do petismo, onde 59% disseram que ele deveria ir para a cadeia. O apoio ao “não deveria” também é menor entre mulheres (36%) e quem completou só o ensino fundamental (35%).

Já a avaliação do que vai acontecer mostra os mais instruídos, com ensino superior, acreditando mais na prisão: 50% disseram isso, assim como 47% daqueles que ganham mais de 10 salários mínimos.

Na via inversa, os jovens de 16 a 24 anos são mais céticos quanto à possibilidade de ver Bolsonaro na cadeia: 57% dizem acreditar que ele ficará livre. Índice parecido, de 56%, é registrado entre quem tem escolaridade média e entre os que ganham de 2 a 5 mínimos.

(Com Igor Gielow, da Folhapress)

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