Com o Sul no topo e o Brasil no centro, nova representação cartográfica reforça protagonismo brasileiro no cenário global
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) lançou oficialmente uma nova versão do mapa-múndi com uma proposta ousada: o Sul aparece no topo e o Brasil ocupa o centro da representação. A mudança visual quebra paradigmas históricos e reforça a inserção geopolítica do país em debates internacionais, como no BRICS, Mercosul e a COP30, que será sediada em Belém, no Pará.
Principais destaques do novo mapa do IBGE
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Sul no topo e Norte abaixo: quebra com a tradicional orientação cartográfica.
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Brasil no centro: destaca a liderança brasileira no Sul Global.
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Projeção de Eckert III: representação mais equilibrada das áreas do planeta.
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Foco político e cultural: reforça papel do Brasil em eventos internacionais como BRICS, COP30 e Fórum de Fortaleza.
Por que inverter o mapa?
Segundo o IBGE, a inversão da orientação tradicional é uma forma de questionar o viés eurocêntrico presente na cartografia desde o século 16. Ao colocar o Sul no topo, a instituição busca provocar reflexão sobre a forma como o mundo é representado e entendido.
“Não há erro técnico. Trata-se de uma escolha simbólica, que valoriza novas perspectivas e o protagonismo dos países do Sul Global”, explica Maria do Carmo Bueno, diretora de Geociências do IBGE.
Mapas também são instrumentos de poder
Especialistas destacam que mapas não são neutros — eles expressam visões de mundo, valores culturais e interesses políticos. O geógrafo Luis Henrique Ribeiro ressalta que o novo mapa do IBGE “desnaturaliza uma perspectiva histórica de dominação e recentraliza o olhar para o hemisfério sul”.
A inspiração vem de obras como o “América Invertida” de Joaquín Torres García (1943) e do pensamento de educadores como Paulo Freire, que defendiam a necessidade de “sulear” a visão de mundo.
Reflexão e transformação social
O novo mapa não se limita a alterar direções. Ele é um símbolo de reposicionamento político e identitário. Ao destacar cidades como Rio de Janeiro (capital do BRICS), Belém (sede da COP30) e Fortaleza (Fórum de Governança do Sul Global), a nova cartografia comunica o Brasil como um ator central nas discussões internacionais sobre sustentabilidade, clima, economia e justiça social.
Uma mudança que gera impacto
Apesar das vantagens, os geógrafos reconhecem desafios: a quebra da convenção pode gerar confusão entre leitores habituados ao formato tradicional. No entanto, essa ruptura também é vista como essencial para promover pensamento crítico e revisar padrões estabelecidos por lógicas coloniais.