O ex-diretor de operações da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Djairlon Henrique Moura, confirmou em depoimento à Justiça nesta terça-feira (27/5) que recebeu ordens do Ministério da Justiça para realizar blitz em ônibus com destino à região Nordeste durante as eleições de 2022.
Segundo Djairlon, a operação foi solicitada pela Secretaria de Operações Integradas em reunião no próprio Ministério da Justiça. O objetivo, de acordo com ele, seria identificar transporte irregular de eleitores e circulação de dinheiro ilícito, e não interferir no acesso dos eleitores às urnas.
“Foi solicitada uma operação antes da eleição para fiscalizar ônibus que saíssem de SP e do Centro-Oeste com destino ao Nordeste, com suspeita de transporte de votantes e recursos financeiros”, declarou.
O depoimento faz parte da ação penal em andamento no Supremo Tribunal Federal (STF) que investiga uma suposta tentativa de golpe durante o governo de Jair Bolsonaro. A 1ª Turma do STF começou a ouvir nesta terça as testemunhas de defesa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres.
Suspeitas de uso político da PRF
Outro servidor da PRF afirmou que a ordem para intensificar a fiscalização partiu do próprio Djairlon, com a orientação de que a corporação deveria “tomar um lado”, conforme determinação do diretor-geral da época. A atuação da PRF nos dias de eleição foi alvo de duras críticas e levantou suspeitas de tentativa de cerceamento do direito ao voto.
Defesa nega motivação política
Djairlon negou que as abordagens tivessem motivação político-partidária e alegou que a maior parte das fiscalizações durou menos de 15 minutos. Ele também afirmou que Anderson Torres pediu empenho máximo da PRF e PF para combater crimes eleitorais, como transporte irregular de eleitores e valores.