terça-feira , 15 de julho de 2025 @ 07:36

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Tabaco aumenta em até 70% o risco de câncer de bexiga

Mais do que um hábito nocivo aos pulmões, o uso do tabaco representa uma ameaça direta à saúde da bexiga. No Dia Mundial sem Tabaco, comemorado em 31 de maio, especialistas chamam atenção para os efeitos pouco discutidos do tabagismo, que vão além do sistema respiratório e incluem danos expressivos ao trato urinário – em especial à bexiga, onde os riscos de câncer podem ser até 70% maiores entre fumantes, conforme apontado pelo ICESP (Instituto do Câncer do Estado de São Paulo).

De acordo com o urologista Pedro Junqueira, doutor pela USP (Universidade de São Paulo), os produtos tóxicos do tabaco passam pela corrente sanguínea e são eliminados pela urina, o que faz com que a bexiga, onde esse resíduo se acumula temporariamente, fique exposta por mais tempo às substâncias cancerígenas. “As células da bexiga mantém contato constante com os compostos tóxicos que saem pela urina. Isso torna o órgão um dos mais vulneráveis aos efeitos do tabagismo, mesmo em pessoas sem sintomas evidentes”, explica o médico.

O problema se agrava pela ausência de sinais clínicos nas fases iniciais da doença. Em muitos casos, o câncer de bexiga é identificado tardiamente, o que reduz a eficácia do tratamento e compromete as chances de recuperação. “Sintomas como perda de peso e cansaço podem ser ignorados ou confundidos com outras condições. Quando o diagnóstico chega, o tumor já pode estar em estágio avançado”, acrescenta Junqueira.

Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), mais de oito milhões de pessoas morrem anualmente em decorrência do tabagismo, sendo 120 mil apenas no Brasil, conforme dados do Inca (Instituto Nacional do Câncer). Ainda assim, os impactos sobre o sistema urinário são pouco mencionados nas campanhas de prevenção.

Saúde sexual

Outro efeito associado ao uso prolongado do tabaco é a disfunção erétil. Embora muitos homens associem o cigarro apenas a doenças pulmonares, o prejuízo à circulação sanguínea causado pelas toxinas afeta diretamente a capacidade de ereção.

“Os vasos sanguíneos que irrigam o pênis são extremamente sensíveis. O tabaco reduz o fluxo de sangue e compromete o desempenho sexual. É um processo silencioso, mas progressivo”, alerta Junqueira. Segundo o especialista, abandonar o hábito pode melhorar o quadro, principalmente quando a suspensão do uso ocorre antes que os danos se tornem irreversíveis.

A substituição do cigarro tradicional pelo eletrônico, tida por alguns como alternativa menos prejudicial, oferece riscos ainda mais elevados. Um estudo publicado no American Journal of Preventive Medicine revelou que os usuários de cigarros eletrônicos têm o dobro de chances de apresentar disfunção erétil. Para homens acima dos 65 anos, o risco chega a ser 2,4 vezes maior.

Apesar da queda gradual no número de fumantes no país, atualmente em torno de 12% da população brasileira, os médicos reforçam que é preciso avançar. “O Dia Mundial sem Tabaco é uma oportunidade para informar e incentivar quem deseja abandonar o vício. Muitas vezes, o primeiro passo começa com o conhecimento sobre os danos menos óbvios, mas igualmente graves”, conclui Junqueira.

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